Reviravolta judicial em Angola expõe bastidores da CIF e o envolvimento de figuras-chave do antigo regime

O general Leopoldino Fragoso do Nascimento, conhecido como “Dino”, declarou esta quarta-feira, em tribunal, que a sua entrada na reestruturação da China International Fund (CIF) foi feita a pedido direto do ex-vice-presidente Manuel Vicente. A revelação lança luz sobre as ligações entre antigos altos dirigentes do governo angolano e a controversa empresa que atuou na reconstrução do país.


Segundo “Dino”, a participação na missão à Singapura, em 2016, ocorreu com a presença de Francisco de Lemos, então presidente da Sonangol, e visava regularizar os projetos abandonados da CIF em Angola. A operação foi avalizada também pelo ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que teria dado orientações para apoiar a empresa responsável por grandes obras no pós-guerra


O julgamento inclui ainda o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, “Kopelipa”, ambos acusados de crimes como peculato, burla por defraudação, associação criminosa, abuso de poder, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e tráfico de influência.


Apesar de citado no processo, Manuel Vicente — figura central neste enredo — não consta como arguido nem entre os declarantes. Em 2020, parte dos bens da CIF, incluindo fábricas, centros logísticos e imóveis, foi transferida para o Estado, num gesto de colaboração com a justiça por parte dos generais.


“Kopelipa” afirmou que entregou 40% dos bens e que uma queixa foi apresentada contra si por empresas chinesas envolvidas no processo. Já “Dino” teria autorizado a transferência de 60% das ações da IF – Investimentos Financeiros para o Estado.


O caso expõe as complexas redes de poder e influência que marcaram a política e os negócios em Angola nos últimos anos, colocando no centro da discussão a transparência na gestão dos recursos públicos e o papel da justiça. Leia Mais...